quarta-feira, 9 de abril de 2008

Psicanálise como experiência de Ética


Resenha sobre a Conferencia do professor Daniel Omar Perez

A psicanálise não é nenhuma teoria explicativa, este não é seu objetivo central. Sendo que nenhuma ciência médica ou psicológica é uma experiência ética entendida ou pautada em leis ou morais e sim relacionada com o desejo do próprio sujeito relacionado com seu objeto. A necessidade de um analista é sempre assumida pelo paciente em último caso, ou seja, quando provoca perturbação repetitiva acompanhada de sintomas psicossomáticos (como dores de cabeça, estômago, caspas e outros). Consiste em sintomas que se manifestam devido ao problema com seu próprio desejo interior (experiência ética), exigindo um confrontar-se do sujeito com o que ele tem de mais íntimo e estranho. Lacan chama isso de real e podemos entender como coisa.

O sentimento de perda relacionado a uma coisa que foi perdida desde o princípio. A coisa é aquilo que foi perdida desde sempre e que não tem nome, um sentimento de perda que leva o sujeito a procurar alguma coisa, coisa que não sabe o que é e pode desconhecê-la pela vida inteira, é uma perda originária. Lacan chama de a separação entre o filho e a mãe. É deste princípio que emerge a busca do sentido, o sentido pela vida, ou seja, alguma Coisa é colocada no lugar da coisa, como o interdito da perda de um namorado ou namorada até que apareça um novo namorado, se não ocorre a substituição pode ocasionar uma fixação.

A insatisfação constante, a sentimento permanente de vítima e o ativismo são diagnósticos que revelam a histeria (a histeria cria ideais e necessidades que o escravizam). O neurótico busca o modelo (arquétipo do professor, pai, filho e esposo ideal) perfeito e goza com esse sintoma, a que Lacan chamará de complexo de demando. O próprio sintoma pode desaparecer com a fala (teoria da fala) e o reconhecimento; no ato de falar de seu problema, seja com padre no confessionário, com o pastor ou o analista o paciente se sente reconhecido resultando no desaparecimento do sintoma, mas não se resolve só com o falar, se ele continua com essa interdição ela vai retornar e o sintoma (dor de cabeça, estômago e outros) retorna e o compromisso com a causa se fortalece. É preciso passar da experiência do falar (de jogar a culpa nas coisas e pessoas na clínica) para a experiência de entrar na análise (o que eu tenho a ver com isso) e relacionar-se com o problema.Lacan chama de explicação subjetiva.

O neurótico se compromete com o sintoma para não se haver com seu próprio desejo, como em nome do pai, a que Lacan chamou a lei, ou seja, não há desejo sem lei. Como a criança que a mãe estava amamentando e o pai tirou o peito dela ocasionando o surgimento de um buraco.Tirou o peito e ficou com a boca aberta, o sujeito é um pedaço de boca aberta, que procura algo para colocar dentro( a chupeta, o dedo, e outras coisas que vamos colocando na boca no decorrer da vida). O melancólico é aquele que não consegue fazer o luto, como o sujeito que perdeu alguém e não consegue viver sem ela, não consegue fazer o luto.

A depressão é diferente da tristeza, sendo a segunda comum diferente do indivíduo que vive recalcando o sofrimento e aparenta estar sempre feliz ou o solidário com os outros que esta sempre se sacrificando e sente prazer nesta oferenda que faz de seu corpo e concluímos que não há doenças psicossomáticas e sim sintomas de causas. O sacrifício de Cristo é conhecido por todo o ocidente, e há uma patologia de oferenda do corpo no ocidente, porém sacrifício em nome de que lei? Porque sacrificar?Em nome de quem? O sacrifício da toxicomania, a mãe que sacrifica sua vida pelos filhos e família, ou seja, o sacrifício que oferta o próprio corpo para o sacrifício é aí que entra as doenças psíquicas com o relacionamento físico. Ter colesterol é totalmente evitável, tem muitas doenças físicas que nos temos por causa do sacrifício que fazemos de nosso corpo e o ocidente tem essa patologia referente ao sacrifício de Cristo.

Como se relaciona o desejo a angústia e a ansiedade?Esse elemento norteia toda a experiência ética do sujeito porém não se explica em campos psicanalíticos e nem se pretende tal pretensão, o princípio tem por finalidade relacionar o sujeito com sua patologia e seus sintomas de causa possibilitando ao paciente identificar-se com ele e seu objeto de desejo.

O homem como um ser incurável.Não há pscinálises e nem psicanalistas que o curem completamente um ser que vive em detrimento com sua grandeza e infinitude, não compreende sua experiência de vida e sofre com a falta de respostas que faz ao mundo e a si mesmo.Um ser que é lançado a existir e não contém a bula com indicações e contra-indicações para cuidar de si mesmo de forma mais saudável.

A psicanálise como ajuda da experiência ética do sujeito, ou seja, uma bússola para o indivíduo que desconhece sua luz curativa e se perde no caminho da existência constantemente.O psicanalista como o terceiro ouvido, que busca compreender aquilo que é desconhecido e perturba o paciente.Ao garimpar neste terreno (psicanálise), a filosofia consegue objetivar seu fundamento de conhecer melhor o saber subjetivo com a experiência ética que é particular do sujeito.

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