quinta-feira, 24 de abril de 2008

O porteiro da Noite


The Night Porter, dirigido por Liliane Cavani, 1974, EUA/Itália.


O Porteiro da Noite é uma obra cinematográfica que enfatiza a relação de amor sadomasoquista, vivenciado por uma ex-prisioneira do campo de concentração nazista e um ex-oficial que fora seu torturador e amante, durante a segunda guerra mundial. Após treze anos de sua libertação, Lúcia Atherton se encontra com Max Aldolfer num hotel em Viena e revivem a paixão auto-destrutiva e doentia do passado.

Max agora é porteiro de um hotel em Viena. Lúcia chega à hospedaria acompanhada de seu esposo, um famoso maestro que irá apresentar um concerto na ópera da cidade. O reconhecimento é imediato, como também as recordações que dispensam palavras de ambos que estão atônitos diante da rememorização da excêntrica paixão.

Os amantes protagonizam encontros ocultos no hotel de Viena, local também de reuniões periódicas de um grupo de ex-oficiais nazistas que estão preocupados com possíveis vítimas e testemunhas das atrocidades realizadas por eles e também pelos milhares de fichas de líderes da SS que se acham no Centro de Documentação da Guerra de Viena e na Comissão de Crimes de Guerra dos Aliados.

Klaus, um dos mais importantes membros do grupo, em uma reunião reafirma que uma das ações do mesmo é procurar testemunhas que possam prejudicá-los e buscá-las onde quer que estejam. Mario afirma que um antigo companheiro, teria visto e reconhecido uma mulher. Lucia, atrás da porta, ouve toda a conversa.

O relacionamento do casal passa a ser conhecido e vigiado por Klaus. A nova reunião do grupo de ex-oficiais acontece com a presença de Lucia, e Max senti-se ameaçado. Pede demissão do hotel, compra uma grande quantidade de alimentos, e se tranca em seu apartamento com Lucia. Ao passar do dias os alimentados se acabam e eles começam a passar fome ocasionando a perda de suas forças. Quando a situação se torna insustentável, eles saem com dificuldade e, ao atravessarem uma ponte, são mortos pelas costas.

O termo sadomasoquismo seria a relação entre tendências opostas, o sadismo e masoquismo. Marx sentia prazer em impor sofrimento físico e moral a Lúcia, isto lhe proporcionava o gozo sádico, sendo o oposto em Lúcia que sentia o gozo masoquista, ou seja, o prazer em receber maus tratos físicos e morais de seu torturador.

Liliane Cavani, em sua obra cinematográfica, dirige com excelência neste filme, a patologia sadomasoquista da relação entre os protagonistas. E tem como eixo central o passado deles que se sistematizava num ambiente de violência física e moral que era os campos de concentração. O sádico em última análise é o objeto, o gozo do sádico é uma transgressão da lei, de que é possível alcançar o gozo que a lei proíbe, na tentativa de regular, de determinar as relações do sujeito. A fantasia sádica apresenta uma relação com o objeto de desejo, no qual o prazer pode ser realizado de todos os modos possíveis sem que o objeto perca sua beleza.

Eles estão submissos à lei, que impõe seus papéis no sistema (o oficial torturador e a vítima), resultando de forma inconsciente o ato dos amantes com intuito subjetivo de desobedecer ao interdito moral ocasionado pela castração simbólica. Daí o papel do superego como o responsável pela censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao id, impedindo-o de satisfazer plenamente os seus instintos e desejos pela interdição inconsciente.

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