quarta-feira, 28 de maio de 2008

VERDADE E UTILIDADE DA CIÊNCIA EM FRANCIS BACON



ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas 1400-1700. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.


No segundo apêndice de sua obra “Os filósofos e as máquinas”, o intérprete Paolo Rossi trabalha a verdade e a utilidade da ciência em Francis Bacon, dando ênfase inicial sobre a concepção renascentista de ciência, das máquinas e do trabalho humano na visão de Dilthey e Mondolfo (dois intérpretes de Bacon). O foco de Mondolfo está na importância de produção prática e experimental para o próprio conhecimento teórico e para Dirthey o foco está pela união do trabalho material como espírito da pesquisa científica.
Em todas essas concepções e outras semelhantes, predomina sempre a idéia de uma separação e oposição entre o trabalho manual e o intelectual, ou, pelo menos Bacon, que quer “saber para poder”, a idéia de uma relação que é subordinação do trabalho manual ao intelecto, como aplicação das conquistas teóricas, segundo Mondolfo (ROSSI, 1923, P.122). O intérprete cita Liebig, um químico e filósofo espiritualista que interpreta o pensamento de Bacon como expressão típica de um “vulgar utilitarismo” e também outros intérpretes como Fonsegrive, Sortais, Levi e Anderson que insistiram nas passagens em que Bacon fala da verdade como “supremo bem” e modificaram as polêmicas conclusões de Liebig que põe em evidencia o caráter “universalista e humanista” do utilitarismo do filósofo (Bacon).
Intérpretes que oscilaram entre a admiração pelas aplicações práticas da ciência baconiana e, de outro, a veneração por uma verdade desinteressada. Esta tese oscilatória pode ser expressa por Levi, que afirma: “A mente de Bacon (...), oscila entre duas posições diferentes: por um lado, dirigindo-se à aplicação prática da ciência, preza-a pela sua utilidade humana; por outro, tende a afirmar que a consciência tem valor por si” (ROSSI, 1923, P.124). Observa-se um valor elevado da ciência e da verdade em Bacon, ou seja, um “valor por si” do conhecimento, convicto de que ipsissimae res sunt veritas et utilitas (verdade e utilidade são a mesma coisa) para a ciência de Bacon (BACON, 1979, P.83).
Rossi tenciona nesta obra esclarecer o significado que se deve atribuir a uma expressão de Bacon, contida no parágrafo 124 do Novum Organum, freqüentemente interpretada com pouca exatidão: ipsissimae res sunt veritas et utilitas. Verdade e utilidade é a mesma coisa para a ciência de Bacon, isto é, o filósofo sustenta uma identidade entre teoria e prática, verdade e utilidade, ciência e potência, considerando extremamente perniciosa uma contraposição entre tais termos. Bacon não compreende a filosofia como um “estério deserto”, idéia esta que se assemelha em sua concepção ao saber tradicional desde os pré-socráticos até Telésio, mas sim a uma união entre saber e operar, teoria e prática, discurso lógico e técnicas experimentais.
O intérprete afirma que Bacon deseja dar fundamentos as bases de uma enorme utilidade, de uma reforma lógica e vê nisto a necessidade de conscientizar os homens acerca da identidade entre progresso na teoria e na prática, entre potenciação dos instrumentos cognoscitivos e potenciação das capacidades operativas do homem. O autor do Novum Organum situara a soberania do homem no conhecimento e, afirma que o fim da ciência é servir à vida, identifica o homem como “aquilo que o homem conhece” sendo assim, reafirma a dependência do homem diante do saber científico. Os enigmas postos pelo mito da Esfinge, segundo Rossi, são interpretados por Bacon, sendo o enigma relativo à natureza e ao que se refere ao homem, é respondido por Bacon em sua frase: “só conhecendo a natureza humana será possível adquirir domínio sobre ela”.
“Nas Partis instaurationes delineatio et argumentum, no Cogitata et visa e posteriormente em Novum Organum, Bacon se preocupou em responder a uma objeção facilmente previsível, e que lhe podia ser colocada do ponto de vista das filosofias tradicionais: não é contemplação do verdadeiro uma coisa mais excelente e digna do que qualquer descoberta prática, por importante e útil que ela seja? Para quem dedica à meditação todo seu amor e sua veneração, a contínua insistência nas obras, nos resultados práticos, nas “artes” não pode com justiça parecer excessiva, desagradável e importuna? Esse deter-se nas coisas particulares não desvia a mente da serenidade e da tranqüilidade que são próprias da ciência?” (ROSSI, 1923, P. 127).

Para Paolo Rossi, é estranho que os que falam em “utilitarismo” ou “tecnicismo”, baconiano tenham freqüentemente fundado suas argumentações na base das mesmas perguntas a que Bacon tentou responder. Bacon, porém configura sua resposta de duas maneiras distintas: Na Partis instaurationes secundae delineatio, Bacon afirma que quem protesta, em nome da vida contemplativa, protesta contra si mesmo, porque a pureza da contemplação e a invenção e construção das obras se fundam sobre as mesmas coisas e são fruídas em conjunto. No Cogitata et visa e no Novum Organum, a resposta é que o império do homem reside apenas na ciência e que o homem pode apenas pelo que sabe e arremata que como na religião exige-se fé com obras, da mesma forma na filosofia natural exige-se que a ciência seja demonstrada com resultados práticos.
Assim nas palavras de Bacon, o intérprete compreende as verdadeiras marcas que o filósofo estabelece postas pelo Criador sobre as criaturas, isto é, as obras devem ser consideradas mais como garantias da verdade do que por causa das comodidades da vida. Bacon sustenta com clareza a “verdade e utilidade como mesmíssima coisa”, sustentação que tanto recebeu interpretações conflitantes. Rossi cita Spedding, defensor de maior autoridade que desistiu de justificar esse emprego do termo ipssimae (da mesma coisa) por parte de Bacon.
Rossi assume a briga e justifica a tradução com o parágrafo 13 de segundo livro do Novum Organum, em que o filósofo compreende verdade e utilidade ser a mesma coisa referente ao homem e ao universo, mas diferem apenas como o aparente e o existente, o externo e interno. No parágrafo 20, o intérprete justifica pela utilização do termo ipissimus e resgata a definição de calor que é ao mesmo tempo especulativa e operativa se produzir num corpo natural um movimento dotado das características indicadas infalivelmente, gerar-se-á calor. Ambos os termos (verdade e utilidade) na filosofia baconiana apresentam-se juntas e idênticas, ou seja, a fecundidade da verdade científica depende do seu caráter de plena verdade e das duas intenções humanas gêmeas (escreve Bacon), a ciência e a potência, coincidem numa única, e a ignorância das causas gera o fracasso das obras.

Portanto a cisão entre os dois termos “saber e operar”, depende, segundo Bacon, do fato de que as operações humanas estão atualmente confiadas a uma “prudência” imediatista e a uma série de preocupações de caráter empírico e sem o apoio e orientação de um método desprovido de qualquer generalidade ou universalidade (ROSSI, 1923, P.134). Segundo Bacon perde qualquer sentido uma ciência renovada que tenha superado a situação de incerteza operativa e arbitrariedade teórica que caracteriza todo o saber atual. Essa incerteza e arbitrariedade são ao mesmo tempo efeito e causa da cisão entre verdade e utilidade. Rossi explica, debruçado na filosofia de Bacon a necessidade de alcançar uma definição de homem (ministro e intérprete da natureza), formular um novo método científico, fundar uma história natural que esteja na base da nova história reorganizando o corpus inteiro do saber.
Bacon almejava a garantia da absoluta operacionalidade do saber científico e da plena coincidência entre saber e operar, significando a via da verdade e da potência, que é a mesma escrita pelo filósofo em Aphorismi et consilia, que encontra as formas das coisas e do conhecimento. Das formas deriva a contemplatio vera e a operatio libera (contemplação da verdade e o saber livre). Mario Mamlio Rossi diz que a diferença entre utilitarismo da ciência moderna e a de Bacon consiste no seguinte: a ciência moderna não diz que a ciência deve servir, mas que a ciência realmente serve; o utilitarismo moderno prossegue M. M. Rossi, não admite (como Bacon) que a ciência possa ser pura contemplação teórica, de forma alguma influenciada pelas finalidades e necessidades humanas. Paolo Rossi não concorda com M. M. Rossi quanto à adequação do termo utilitarismo para este caso, nem no que diz respeito a sua avaliação, com base nessa distinção, como “filósofo da técnica”.
Bacon é arauto, indicador de um novo destino. De fato nenhuma constatação pode eliminar, em qualquer posição de tipo pragmática, essa recusa de certa maneira de filosofar, nem esse apelo a uma escolha entre dois tipos de verdade. Neste caso Bacon, assim como no de Dewey, a tese de uma identidade da verdade-utilidade se funda, de um lado, numa refutação das filosofias e, de outro, numa avaliação de técnica e das “artes mecânicas” muito diferentes daquela que foi própria do mundo clássico. As observações aqui pretendem dar relevo dentro do complexo entrelaçamento de posições e problemas nos quais os intérpretes não insistiram o bastante.
Por fim, Paolo Rossi, tem presente nestas teses sobre o utilitarismo baconiano, a árdua missão de contradizer errôneas afirmações que tantas vezes são repetidas na filosofia de Bacon. Se existe uma subordinação da ciência à técnica em Bacon, esta existe para manter íntegra e sem margens para conclusões fantásticas, ou seja, compreender uma subordinação da verdade à utilidade, do saber ao operar nas palavras conclusivas do intérprete que laboriosamente explica a filosofia deste arauto da ciência moderna e espantam possíveis e impossíveis contradições a cerca de suas reais pretensões a cerca da ciência.

REFERÊNCIAS


ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfred Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino-Português. 2. ed. Rio de Janeiro: MEC/DNE, 1956

BACON, Francis. Novum Organum. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979 b.

ROSSI, Paolo. Bacon e Galileu: os ventos, as marés, as hipóteses da astronomia. In:_____. A ciência e a filosofia dos modernos: aspectos da Revolução Científca. São Paulo: UNESP, 1992.

ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas 1400-1700. In:_____. Verdade e utilidade da ciência em Francis Bacon. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

A LUZ...meus pensamentos


Infinita luz que permeia todo o universo, luz que ilumina meu caminho peregrino e pensante...luz que qual turbilhão de encantos irradia minha vida, irradia meu cantar para vós.

Elevo mais uma vez estes alicerces que sustentam minha vida à luz que me é Sagrada, a esta que sem que eu saiba quem sou eu, constrói altares festivos para o meu repouso e meu consolo.

Mesmo que diante de incontáveis sombras que vendam meus olhos, ultrapassas todos os limites da escuridão e se projeta transcende para a luz, neste tenebroso vale árido das minhas mazelas e angústias...mesmo quando alcanço o final ela me diz “estou aqui com você”.

Esta que caminhas comigo por milhares de pegadas que deixo nas areias do deserto, és peregrina também.....aos meus pés descalços e calejados do longo peregrinar, ela perfuma meus pés e ilumina todos os meus passos.

A solidão jamais alcança este filho da luz, ela me alcança...alcança até mesmo antes que eu me perca em meio a caminhos tortuosos sem vida e sem luz, ela que se projeta qual a velocidade da luz que lhe é própria e me lança irradiação de sua presença segura.

Nela eu coloco-me a seu colo, nada me pode atingir, qual cintilante que fulguras os meus pensamentos e vela o meu sono, és mãe também.Qual profundo enamoramento que já não sei viver sem ela....faz parte de mim.

Mesmo querendo fugir, sinto-me envolto a esta sublime luz, que contagia meu universo, é minha metade...completa-me nas frias noites de inverso e no outono da vida faz ressurgir qual turbilhão sua primavera rodeada de flores.

Como ficar sem ela?Aonde ela esta?Se movo uma pedra no caminho ali esta ela, se conto as estrelas do céu ali esta ela....porque ela habita as estrelas, o céu não lhe é o limite....Com sua epifania luminosa, desce dos céus e toca a terra se colocando sobre meus pés, és humilde, és virtuosa e exalas precioso perfume de todos os jasmins.

A quem meu consolo é saber que tu existe, que és real, canta em meus ouvidos e invade meu coração com melodias de anjo....se faça presente e neste castelo me recebas....que seu palácio são as galáxias.

Quem és tu?Tão próxima de mim a anos, talvez esbarrastes nas esquinas da vida e nunca te reconheci...eu sou em você, tu és minha face, minha semelhante.Como pude desapercebido neste descompasso não te avistar em meus sonhos de menino.

Caminhavas comigo sempre, contava as estrelas do mar comigo, andávamos de bicicleta juntos e dançavas comigo com o som dos querubins em noites lunares,a noiva que vem chegando com seu véu esplendoroso e seu diadema que é formado das nascentes do oceano.

Que eu não te percas novamente, que não permita seu desabitar de meus sonhos e cantos de dias de luz, que o Sol venha fazer a nascente deste encontro de mim comigo mesmo....pouse sobre meus mais lindos pensamentos e vamos voar sobre o cosmo, vamos bailar com os pássaros....

Que eu não permita sua distância novamente, vem..vem...vem...toque no seu verdadeiro lar, sua casa é meu coração....e perca as chaves, dentro da casa, se perca em mim...porque eu já não sei quem sou, eu primeiro tive que me perder para me encontrar em você.

Minha radiosa fênix, aurora de um novo dia, luz que invade todos os pólos, que contorna o universo e incendeia.Como um clarão se faz reluzente nas montanhas da vida.

Eu quero te conhecer quero te servir.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

RESENHA DA OBRA O “NOVUM ORGANUM”, DE FRANCIS BACON


RESENHA DA OBRA O “NOVUM ORGANUM”, DE FRANCIS BACON

O filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) escreveu sua obra mais conhecida Novum Organum (publicação 1620) dois anos após tornar-se lorde chanceler e barão de Verulam (1618) e dois anos antes de publicar a História Natural (1622). É importante compreendermos o contexto histórico (político, social e econômico) da Inglaterra, este que se insere o filósofo, como atuante e influente político antes de aprofundarmos nesta obra que foi um marco intelectual de sua vida.
Período esta de grande ascensão inglesa nos campos político e econômico no reinado de Elizabeth I. Foi partícipe na corte real em diversos setores (econômico, social, científico, religioso, filosófico) e astuto defensor do reino nos inúmeros combates de forças contrárias ao governo da rainha. Momento histórico do absolutismo inglês em vias de consolidação, apoiado pelas atividades comerciais elevadas, que serviriam de sustentáculo econômico-social para a monarquia.
Ao escrever sua mais famosa obra, Bacon contrapõe-se ao Organum aristotélico e a ciência dedutiva, pois, sua lógica sai do universal para o particular . Questionará a dialética e suas precauções tardias que nada modificam o andamento das coisas, mais serviram para firmar os erros que descerrar da verdade. O autor afirma que “(...) se os homens tivessem empreendido os trabalhos mecânicos unicamente com as mãos, sem o arrimo e a força dos instrumentos, do mesmo modo que sem vacilação atacaram as empresas do intelecto, com quase apenas as forças nativas da mente, por certo muito pouco se teria alcançado, ainda que dispusessem para seu labor de seus extremos recursos” (BACON, 1979, p.6)
Ele defende o uso de máquinas e técnicas (precursor da tecnologia) para a dominação da natureza, o que sem esses meios para ele seria praticamente impossível. Para Bacon somos guias e curadores do ambiente natural, defende a coligação entre reflexão e filosofia e pede que haja dois métodos: um destinado ao cultivo das ciências e outro destinado à descoberta científica, ou seja, o primeiro método ou caminho de antecipação da mente e ao segundo de interpretação da natureza. Afirma sermos verdadeiros filhos da ciência, e nos convida a penetrarmos nos recônditos domínios por trás dos vestíbulos da ciência começada pelo pleno domínio de si mesmo e do juízo dela. (BACON, 1979, p.9)
Francis Bacon assume a paternidade da ciência moderna ao gerar o Novum Organum, tem a intenção de repaginar a posição do homem e da ciência frente à natureza balizando-as em justa posição. O homem para Bacon é servo, escravo e intérprete da natureza, ou seja, um leitor nato, um desbravador que a utiliza para compreender e fazer, transformar e modificar pela observação e análise os fatos e fenômenos que ocorrem nela (natureza) em seu curso natural. É importante compreender esse processo de Bacon como um utilitarismo da natureza de forma responsável, responsabilidade esta que não lhe deixa ser um predador e usurpador, mas sim um conhecedor que a experimenta e produz um efeito benéfico sobre ela.
O Novum Organum é escrito por Bacon em forma de aforismos, textos simples e assistemáticos, a obra estabelece uma nova regra debatedora às filosofias anteriores, ditadoras de uma filosofia universal, sistemática e doutrinária. Seu pensamento é inovador ao afirmar que a “(...) a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática” (BACON, 1979, p.13). Sua célebre frase “saber é poder”, possibilita-nos compreender o que ele deseja da natureza por intermédio da ciência, que é unir e apartar os corpos (homem e natureza) sabendo que o restante a natureza realiza por si mesma.
Bacon possui um zelo quase religioso pela “nova história natural” e preocupa-se com os fatos particulares assegurando “(...) serão também encontradas em nossa história natural e em nossos experimentos muitas coisas superficiais e comuns, outras vis e mesmo grosseiras, finalmente outra sutis e meramente especulativas (...)”, o que de fato encontraremos no primeiro livro, porém prossegue “(...) estabelecemos que não há nada tão pernicioso a filosofia como o fato de as coisas familiares e que ocorrem com freqüência não atraírem e não prenderem a reflexão dos homens, mas serem admitidas sem exame e investigação das suas causas. Disso resulta que é mais freqüente recolherem-se informações sobre as coisas desconhecidas que dedicar-se atenção às já conhecidas”.(BACON,1979,p.78-79)
Observamos Bacon tendo como foco inicial de suas pesquisas a investigação das causas simples e corriqueiras da natureza frente aos homens, isto é, apesar de sua grandeza científica no papel histórico e decisivo que desempenhou lutando em sua vida inteira pelo progresso das ciências naturais foi inicialmente bem cauteloso. Contrastando assim com a visão erronia e ambígua do historiador Wilhelm Windelband (1848-1915), que acusa Bacon de possuir uma “ambição desmedida”, parece que o filósofo de antemão já contesta futuras acusações quando escreve que “não pode paire qualquer dúvida é quanto à nossa pretensa ambição de destruir e demolir a filosofia, as artes e as ciências, ora em uso. (...) sobre o livro O progresso das ciências. Não intentamos, por isso, prová-lo melhor com palavras”, esclarecendo sua real ambição frente ao progresso de sua ciência. (BACON, 1979, p.84)
O filósofo inglês possui em sua obra, a ciência como processo metódico e leva-nos a crer que ele catalogava e excluía suas análises e conclusões com o intuito de obter previsões ou novas análises úteis à ação aplicada na natureza para que seu resultado tenha o mínimo de erros possíveis. “Bacon previa que pudessem tachá-lo de “fazer algo já feito antes e que mesmo os antigos seguiram já semelhante caminho”, porém responde “nosso método de interpretação, uma vez preparada e ordenada a história de todas as coisas, tratamos de conduzir a mente de tal modo que possa se aplicar à natureza das coisas, de forma adequada a cada caso particular”. (BACON, 1979, p.84-85)
O sábio empirista é inovador ao seu tempo, é construtor de uma sólida ciência, um edifício alicerçado com os andaimes do conhecimento, e contém como base não a dialética escolástica, mas a experimentação da ciência moderna que ele é precursor. “Já é tempo de expor a arte de interpretar a natureza”, conclui o intérprete que segue a leitura interpretativa da natureza como libertação dos obstáculos para os homens que deveriam se ater a essa prédica baconiana assumindo a natureza como uma obra a ser cuidada, zelada e dedicada com ímpeto imperativo. “A arte da invenção robustecer-se-á com as próprias descobertas”, assim Bacon pretende que nada lhe seja acrescentada, mas ao contrário que consideremos a mente natural não meramente pelas faculdades próprias, mas na sua conexão. (BACON, 1979, p.89)
Bacon tem a ciência como o “pão”, este que é destinado aos usos da vida humana, acredita que o homem perdeu a inocência e o domínio das criaturas pelo “pecado” e que estas podem ser recuperadas pela religião com a fé, pelas artes e a ciência e não com disputas e cerimônias mágicas. O filósofo respira uma ciência racional, lúcida que o leva a fazer severas críticas aos doutores escolásticos e suas disputas dialéticas despropositadas. Desprezava o silogismo aristotélico e subestimava a matemática cartesiana, desejava simplificar o mundo e banir as superstições dos ídolos (que ele enumerou) realçando-lhe o que é favorável. Seu alicerce filosófico era o pragmatismo que dava-lhe suporte para dar à humanidade domínio sobre as forças da natureza por meio de descobertas e invenções científicas.
Por fim considero sua obra magna (Novum Organum), uma suma da ciência natural da modernidade que abre às portas da pós-modernidade, uma catedral ornada de compreensões acerca da mente e das faculdades naturais tendo como sua abóboda a ciência, a razão, a filosofia e a teologia comungando do mesmo propósito e aliadas ao evoluir do homem frente à responsabilidade do mistério que lhe foi dado, a paternidade e a interpretação da Gaia, da Terra, da casa comum, ou seja, da natureza que nos hospeda. O método indutivo de Bacon possui falha por não considerar o papel da hipótese? Creio que a hipótese pudesse desmoronar o edifício científico de Bacon, sendo ele um autêntico empirista que se fundamenta das bases sólidas da ciência natural.



REFERÊNCIA

BACON, Francis. Novum Organum. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979 b.

sábado, 10 de maio de 2008

John Locke, o empirista Inglês


John Locke (1632-1704)



John Locke era médico e político atuante, de influência do liberalismo democrático burguês. Suas obras enaltecem o liberalismo, a tolerância e a liberdade política. A tradição inglesa é de fortalecer a igualdade e sua democracia libertária, período este estabelecido pela burguesia e seu governo forte. Época contextualizada pela rivalidade entre aristocracia e burguesia, ou seja, burguesia monopolista contra burguesia anti-monopolista.
Locke é um empirista crítico de toda a tradição do aristotelismo escolástico, suas principais obras são: Tratado sobre a tolerância, Dois tratados sobre o governo civil e Ensaio sobre o entendimento humano. O filósofo quer combater o inatismo (o sujeito não é fonte de idéias e clarezas indubitáveis) e defende que as idéias inatas são inúteis para enfrentar o ateísmo e seus princípios não estão para todos que a desejam.
Ele assegura que somente alguns conhecem os princípios lógicos e morais (visão euro centrista) e presta severas críticas à inutilidade do inatismo e sua limitação em não conter a experiência (exemplifica o ato de diferenciar o doce do amargo). John assemelha nossa mente a uma folha em branco e que nossa experiência a preenche, titulará de “tabula rasa”.
Suas interrogações irão abarcar a origem, a constituição e a aplicabilidade das idéias devido ao conhecimento devirem das idéias do mundo exterior e produzir sensações e intuições para a mente (que é uma tabula rasa) pensada em forma de idéia. Locke é precursor do liberalismo clássico compreendendo a liberdade de credo, política e das idéias.
Para o liberalista, o conhecimento pelas faculdades naturais somente é produzido pela experiência, pois, se existe algo que a mente não conhece é porque ela é capaz de conhecer pelo uso da razão. A razão nos capacita a alcançar certo conhecimento e concordar com ele, ela é a ponte entre ambas (a experiência e o conhecimento) abrange Locke, que acrescenta estar ela (a razão) antes da linguagem.
O filósofo inglês entende nossa memória como um álbum de fotografias da mente que esta constantemente em uso, direcionado pela razão. Assim as idéias jorram do nosso entender e observar, processo este que é conduzido pelos sentidos (por objetos sensíveis e externos) para nossa mente e seu entendimento, ou seja, a experiência supre o entendimento com idéias e percepções das operações mentais ocupadas pelo sentido interno (a reflexão).
Para Locke a mente observa suas próprias operações que em outras palavras são ações da mente sobre as idéias e tipos de paixões como a inquietude e a satisfação. Não há idéias em nossa mente a não ser o que foi impresso pela reflexão e a sensação (indução) e acrescenta o filósofo que há um limite para conhecer e este é a experiência que os sentidos e a reflexão me oferecem. Para ele existem objetos que oferecem maior ou menor variedade, estão supridos com as operações internas da mente e à medida que refletem mais ou menos sobre elas (enumeração e análise do objeto por partes pormenorizadas).
Por fim John Locke atento para a familiaridade e atenção constante para as sensações externas (reflexão), pois, o pensamento real é inseparável da alma como é a extensão do corpo, concebe que a idéia é um ato operativo da alma e precisamos entender para ter idéias nela (alma), isto é, o ato de pensar um momento sequer, estando acordado ou dormindo, sem ser sensível disso é impossível.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Um inatista chamado René Descartes


Trabalho apresentado ao Programa de Teoria do Conhecimento e Epistemologia.
Prof Drº Inês Lacerda

René Descartes nasceu em Touranie, França (1596 – 1650), introduziu o Discurso do método em 1637, e iniciou Meditações em 1641. O método cartesiano tem por objetivo, ao enumerar todas as dúvidas, alcançar as certezas evidentes que irão dar-lhe bases sólidas, nas quais não paire o menor equívoco[1].

Depois do medievo surge a renascença, período marcado pelo ceticismo. Os pensadores dessa época contestaram os dogmas e a autoridade eclesiástica que sustentava seus argumentos com a lógica aristotélica.

Este filósofo é inovador, pois ignora os estudos literários e afirma que estes o levam a ignorância e não lhe dão certeza nenhuma. O filósofo desbravará a filosofia na racionalidade interna, em si e por si mesmo. Seu método consiste em unificar todos os conhecimento em bases seguras, formando um edifício do saber, iluminado pela verdade e pelas certezas racionais.

Descartes trabalha com a verdade científica, o método dedutivo da metafísica do cogito, da existência que me leva à verdade pelo pensamento abstrato e dispensa provas empíricas. Na segunda meditação ele terá como alicerce o método da dúvida, ou seja, a enumeração de dúvidas e por meio delas alcançar a certeza, a verdade que me dará bases sólidas. Certezas exatas, evidentes, claras e distintas.

“Eu não posso duvidar que penso e que faço juízo das coisas”, o pensador compreende que mesmo que julgue bem ou mal, independente da avaliação do julgamento ele sabe que julga, que possui juízo das coisas. Descartes dirá que ele sempre pensa, mesmo que delire ou que a imaginação engane, em última análise “eu sou puro pensamento”.

Destaca-se, no nono parágrafo, ele propõe a interrogação: “o que sou ?” ele responde que uma coisa que pensa, isto é, que duvida, concebe, afirma, nega, sente. Reafirmando sua frase de que sempre pensa, ou seja, que é puro pensamento.

Do décimo ao décimo sexto parágrafo, ele discute o conhecimento pelo senso comum ou racional, sendo que não pelos sentidos que eu conheço com total certeza e sim pela inspeção do espírito atento,pois, os sentidos não me levam a certeza alguma. Descartes arremata no décimo sétimo caítulo, no qual diz que as coisas do espírito são mais fáceis de conhecer, porque são evidentes e suas idéias são claras. Descates inaugura a primeira metafísica que irá nortear a modernidade, o cogito (eu penso) cartesino, e conclui que conhecer é fundamentalmente o meu espírito (intelecto), ou seja, um exercício da capacidade do espírito.


[1] Dúvida hiperbólica: subo com a dúvida e desço com a certeza.

PERFIL FILOSÓFICO DE FRANCIS BACON


PERFIL FILOSÓFICO DE FRANCIS BACON

1. PROBLEMA:

Francis Bacon (1561-1626) é conhecido como o fundador do método indutivo e pioneiro no intento de sistematização lógica do procedimento científico. Bacon foi educado em uma atmosfera de negócios do estado inglês. Era nacionalista e entrou para o parlamento aos 23 anos, como conselheiro. Em 1617, obteve o cargo do pai, lorde do grande selo. Em 1618 torna-se lorde chanceler, mas depois de dois anos no cargo, foi processado por ter aceitado suborno. Admitindo a verdade da acusação obteve como pena o afastamento da vida pública e do Estado. Depois de cinco anos de alheamento, morreu em conseqüência de um resfriado (contraído enquanto realizava um experimento sobre refrigeração, recheando de neve uma galinha).

Ele viveu numa época de intenso movimento cultural e sua atividade política concedeu-lhe condições para dominar essa efervescência. Nascido durante o reinado de Elizabeth I foi partícipe dos setores econômico, social, científico, religioso, filosófico e do combate entre as antigas e as novas forças que eram contrárias ao governo da rainha. Com a reforma religiosa de Henrique VIII (1491-1547), as terras que estavam sobre o poder da Igreja foram confiscadas pela Inglaterra, e destas surgiu uma pequena nobreza fundiária que juntamente com os elementos ligados às atividades comerciais florescentes, estas serviriam de sustentação econômico-social para o absolutismo, em vias de consolidação.

Na filosofia de Bacon podemos destacar algumas problemáticas: como o verdadeiro conhecimento da realidade, o pensamento pós-metafísico, a separação de teologia com ciência, o empirismo e o famoso método indutivo. Porém é importante observar que diante dessas diversas problemáticas que fazem parte do universo do filósofo, iremos nos concentrar no método indutivo exaltando o seguinte problema: o método indutivo de Francis Bacon possui falhas por não considerar a hipótese?

2. ARGUMENTAÇÃO:

Para Bacon, a realidade tem a ver com aquilo que realizamos no mundo. Com isso ele é muito mais moderno por seu pensamento pós-metafísico do que Descartes. O pragmatismo marca seu pensamento. O historiador Paolo Rossi afirma que se Bacon tivesse sido levado a sério não teríamos sido levados pela tradição platônica, aristotélica, tomista e kantiana do subjetivismo.

Seu discurso é repleto de força intelectual e científica ao afirmar o que a ciência deve ou não deve ser e fazer. Para o filósofo, todo o nosso conhecimento tem uma inserção histórica. O poder de o homem extrair da natureza elementos para sua existência é poder da ciência.

Bacon irá se contrapor aos ídolos ou preconceitos e não dará à filosofia os discursos pretensiosos dos filósofos, ou seja, discursos unívocos; únicos do saber contendo verdades para todo o sempre. Para Bacon, existem muitos ídolos da mente, que simplificam o mundo e causam superstições realçando-lhe o que é favorável. Necessita-se ter muito cuidado ao lidar com esses ídolos, pondo sob suspeita suas convicções. Enumerou-os por tipologia: ídolos da tribo, da caverna, do mercado, do teatro e das escolas.

Os ídolos da tribo são inerentes à natureza humana, isto é, o hábito de procurar ordem do que se pode observar. Já os ídolos da caverna são os prejuízos pessoais, característicos do investigador particular. Os ídolos do mercado relacionam-se à tirania das palavras. Por sua vez, os ídolos do teatro são os que dizem respeito aos sistemas de pensamentos recebidos. E, por fim, os ídolos das escolas consistem em pensar-se que alguma regra cega (tal como no silogismo, um mandamento vazio) pode ocupar o lugar do juízo pessoal da investigação.

Ele dará um destino mais prático à filosofia, isto é, à ciência. O filósofo apela para a antecipação da natureza, o que lhe fará ser o precursor de um “novo método” (o indutivo), este que faz experiências e observações rigorosas como antecipações da natureza (previsões de chuva, sol, terra para bom plantio). Bacon é o preconizador da separação entre teologia e ciência, e defensor do fortalecimento da idéia de que as descobertas de esquemas operativos não são resolução de um poder divino.

Sua obra mais importante foi The Advance of Learning (da Proficiência e o Avanço do conhecimento divino e humano). Famoso pela frase “saber é poder”, a base de sua filosofia era o pragmatismo. Desejava dar à humanidade, domínio maior sobre as forças da natureza por meio de descobertas e invenções científicas.

Bacon também acreditava numa separação entre teologia e filosofia. Para ele a razão pode provar a existência de Deus, porém na teologia isso só poderia ser alcançado através da revelação. Assim, era defensor da doutrina da dupla-verdade.

O método indutivo de Bacon, por simples enumeração, separava os fenômenos em três categorias. Na primeira e na segunda depositava as informações exatas ou evidentes, e na terceira, a mediadora das anteriores, colocava o restante. Com o método descrito esperava chegar às leis gerais; universalizando do mais baixo ao mais alto grau (exemplos prerrogativas). Desprezava o silogismo e subestimava a matemática, apreciava Demócrito e era hostil a Aristóteles. Para ele, tudo procede das causas eficientes e deveríamos ser como as abelhas, que colhem e ordenam.

O humanismo e a argumentação de palavras estão nas universidades e Bacon seguirá contra esta tradição que ele chamará de filosofia da contemplação e da verbalização de soluções, lutando com a ciência e sua nova lógica, sendo precursor da ciência do conhecimento. Ele propõe uma história das idéias ou da cultura universal; das causas e circunstâncias do aparecimento e do olvido dessas ciências. Francis além de ser o precursor do pragmatismo será também da sociologia do conhecimento, ou seja, influência precursora de Nietzsche.

Para o filósofo Aristóteles havia uma ciência para resolver todos os problemas de sua época, um saber obscuro, que busca reconstruir o mundo por categorias (substância, espaço, ato e potência, tempo), mas isso nada soluciona, segundo Bacon. Afirmará ser contemplativa e pastoral a filosofia do renascimento, ou seja, o mundo sendo apenas contemplado e não transformado, experimentado e conhecido. Criticará Platão por ter uma filosofia fantasiosa e supersticiosa.

Bacon escreve em forma de aforismos, seus textos são esclarecedores, diferente dos filósofos sistemáticos que apresentam uma nova regra que debate as outras e dita uma nova filosofia universal (o sistemático é doutrinário). O homem sendo escravo e intérprete da natureza só pode fazer e compreender tanto quanto ele tenha observado de fato no pensamento, sobre o curso da natureza; além disso, ele nem sabe e nem pode fazer nada.

Ele defende o saber e o compreender da natureza com um utilitarismo da natureza, porém responsável sem ser predador dela. E completa ressaltando que o conhecimento e o poder são um só, ou seja, conhecer é poder e poder é conhecer (você conhece e pode produzir efeito, experimentalismo).

3. HIPÓTESE:

O método indutivo de Bacon possui falha por não considerar o papel da hipótese? Quando Bacon refuta o método dedutivo afirmando que as noções (das quais constam proposições) são apenas “etiquetas das coisas” e declara que se trata de extrair de modo não grosseiro tais noções das coisas particulares, deixa escapar qualquer compreensão da função exercida pelas hipóteses no saber científico. Não é por acaso que, nas hipóteses, ele só vê uma ilegítima e arbitrária antecipação da natureza. Nesta oposição de Bacon a todo procedimento de tipo dedutivo (e também na recusa de hipóteses) viu-se justamente um dos limites do método baconiano. Bacon, sem dúvida não se deu conta da existência de ciências “nas quais o trabalho de escolha e de concatenamento de proposições já conhecidas ou admitidas como verdadeiras constitui um meio muito mais seguro e eficaz de pesquisa que a experiência direta, embora diligente e auxiliada pelo uso de instrumentos, e nas quais mesmo o procedimento de tipo dedutivo é o único meio usado não só para a verificação, mas também para a descoberta de novas leis e novas relações” (ROSSI, 2002, p.206)

Todavia, não se deve crer que o problema baconiano de uma ciência universal da natureza perca sentido historicamente ou se reduza a uma espécie de exercício retórico-literário. Bacon deu-se conta perfeitamente, mesmo a propósito das descobertas de Galileu, da força explosiva que tinha, nos confrontos da tradição, a capacidade de dirigir os próprios olhos e olhar da realidade. A sua insistência sobre os experimentos, indícios de uma separação, que terá um peso notável nos futuros desenvolvimentos do empirismo, daqueles pressupostos “metafísicos” que estavam na raiz da visão do mundo Copérnico, Gilbert, Kepler e Galileu. (ROSSI, 1992, p.207)

Paolo Rossi afirma que “(...) as ambigüidades, as incertezas, as avaliações improváveis ou erradas não foram certamente uma prerrogativa de Bacon”, ou seja, o problema pode ser respondido pela competência e importância de sua contribuição para o progresso de tantas ciências (da botânica, zoologia, da geologia e da mineralogia moderna) que esteve estreitamente ligado a uma insistência, de tipo baconiana, sobre a observação e os experimentos, na qual sua desconfiança na audácia das hipóteses foi marcante em sua ciência. (ROSSI, 1992, p.212)

Por fim, a identificação baconiana da ciência com os experimentos devia, sem dúvida, revelar-se parcial, e, no entanto, essa referência aos experimentos e essa desconfiança na audácia das hipóteses exerceram função histórica de importância decisiva nas contribuições científicas de Bacon para a humanidade.

REFERÊNCIAS

RUSSEL, BERTRAND. Obras filosóficas. 3º. V. 3ª. Ed. São Paulo: Nacional, 1968.

BACON, Francis. Nova Atlântida. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979 a.

_____. Novum Organum. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979 b.

_____. Novum Organum. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 2005.

ROSSI, Paolo. Bacon e Galileu: os ventos, as marés, as hipóteses da astronomia. In:_____. A ciência e a filosofia dos modernos: aspectos da Revolução Científca. São Paulo: UNESP, 1992.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfred Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.