sexta-feira, 14 de março de 2008

A esperança: luz da vida



Uma resenha do filme Filhos da Esperança, dirigido por
Alfonso Cuarón, EUA, 2006.


Estamos em 2027 e a humanidade está aparentemente sem vida. 90% é a porcentagem de infertilidade que agora assola o mundo. As mulheres não conseguem mais produzir bebês, e a ciência busca incansavelmente a cura deste mal que parece incurável. O mais jovem habitante tem 18 anos de idade. As religiões se manifestam: dizem que Deus está castigando os homens devido aos anos de crimes cometidos contra a vida e buscas contraceptivas para evitar bebês.

Os meios de comunicação informam que evitar exames de infertilidade é crime. Neste contexto em que vive a sociedade, o filme retrata de forma espantosa a degradante posição que chega o homem: a falta de sentido e a desesperança embrutecem-os levando a se digladiarem.

A esperança, que até então havia morrido completamente, agora se encontra no ventre de uma jovem negra, imigrante refugiada que está escondida numa fazenda. Théo (um ex-ativista) será o protetor da jovem grávida. Em seus olhos, o espanto e o encantamento tomaram conta diante do milagre que se fazia presente em sua frente.

Durante a fuga, quando estavam dentro de um ônibus, rompe-se a bolsa da jovem. Enquanto isso, segue-se a cena de maus tratos sofridos pelos refugiados que são presos pela polícia. Trata-se de um contraste entre a vida que está prestes a nascer e as vidas que estão sendo massacradas e humilhadas. A criança nasce em um apartamento velho, totalmente escuro e sujo, e sua vida será ameaçada em diversos momentos neste conflito. Uma revolução armada, tiros para todos os lados. Em determinado momento da fuga, os soldados vêem o bebê e se espantam diante deste milagre. Cessar fogo – grita um deles, enquanto os outros vão abaixando as armas diante da pequena menina que, por alguns instantes, silencia uma revolução: a vida faz calar a guerra.

Eles chegam até um pequeno barco e seguem remando até o navio “Tomorrow” (amanhã). Théo está ferido e, por isso, pede que ela siga em frente independente do que acontecer. Ele deu sua vida para a proteção deste milagre, desta luz que se acende em forma de esperança. O filme, mesmo sendo futurista, nos leva a refletir sobre o presente, pois, afinal de contas, é sempre a vida que está em jogo.

Nenhum comentário: