sexta-feira, 17 de outubro de 2008



Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...

O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.

No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.

Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.

Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

William Shakespeare

Reflexão do filme Ao mestre com carinho

Charles Fernando Gomes[1]

Palavras-chaves

alunos --- motivação -----escola-----conflitos-----realidades----superação---amor

O tema principal do filme se encontra presente na vida do jovem professor Mark Thackeray. Este que se lança em uma obstinada missão, isto é, assumir a turma mais indisciplinada e baderneira do colégio e torná-los jovens responsáveis, educados e conscientes. A obra é convidativa para seu telespectador, especialmente se este for um docente ou alguém que aspire a profissão honrosa e desafiadora de ensinar.

Como amar nossos alunos? O professor Mark, responde esta pergunta em todo decorrer da obra, porém, não com só com palavras, mas, com ações concretas. Seus primeiros obstáculos são sua etnia (negro) e sua inexperiência (recém-formado), além da desmotivação da escola para com os alunos em questão e para com a competência do professor. Como utilizar nossos pontos fracos em pontos fortes? Sua superação foi brilhante, a transformação iniciou por ele mesmo, isto é, do método piloto automático que ele assumirá no início ao método transformador que ele adotou mais tarde, para ser mais claro, Mark iniciou a metamorfose em si mesmo para depois iniciar com sua turma impossível.

De fato, o amor transforma e nos transforma junto, sua frieza e dureza se abrandaram ao se deparar com a infeliz realidade de seus alunos. Jovens desmotivados, conflituosos, isolados, desacreditados, com problemas de família, ou seja, crianças adultas jogadas ao existir sem saber como viver, sem saber o que fazer como agir, como levantar a cabeça e mudar de vida. É neste momento que a sala de aula que antes fora palco de grandes discussões, indisciplinas e desavenças tornou-se palco de expressivos gestos de amor, cuidado, carinho, dedicação e um profundo respeito humano e existencial do professor em relação a seus discentes.

A junção do conteúdo escolar com o conteúdo de vida tornou a relação de ambos (professor-aluno) um sinal de esperança, a troca de experiências se tornou comum. Alunos aprendendo a arte da culinária, conhecendo museus, mergulhando na cultura dos belos quadros, estátuas e no mundo dos livros. A revolta agora se convertera em força para seguir em frente, para assumir suas identidades como adultos, o que observamos no respeitoso tratamento deles entre si que se chamavam agora de senhores e senhoritas. Os alunos saem da caverna e desvelam a luz, a liberdade de ser quem se quer ser realmente, isto é, não ser fruto de rebeldia, de massa e de menosprezo, mais assumir sua liberdade como fruto de uma profunda reflexão de si, de maturidade e de crescimento.

Alguém olhou para nós! Esta exclamação foi o imperativo de renovação para os alunos vencerem suas paixões. Tenho que leva-los até o ponto, esta frase do filme A onda, encerra de forma esplêndida a brava missão do professor, este que acreditou até quando ele próprio desacreditava. Assumiu a turma quando ninguém mais tinha coragem, foi enérgico ao definir regras de comportamento para os alunos mesmo diante de ameaças dos próprios que resistiam, reconciliou pais com filhos defendendo acima de todas as lágrimas e ressentimentos o amor, o perdão e o diálogo, diante da intransigente do professor de educação física e do constrangedor confronto do docente com seus alunos, usou de sabedoria para resolver o problema, e além de todas as dificuldades que enfrentou manteve-se paciente para entender e não magoar os sentimentos nobres de uma aluna para com ele, esta que se apaixonou pelo professor.

Foi pai, mãe, amigo e acima de tudo mestre, um verdadeiro professor que utilizou de carinho para com aqueles que todas as necessidades que possuíam esta era a mais urgente. Ao mestre com carinho revela de forma simples as possíveis dificuldades que um professor pode encontra em seu percurso docente e os métodos que ele utilizar para resolver, para sarar as enfermidades que acontecem no ambiente escolar.

Por fim, relato uma experiência bem semelhante que obtive nesses anos de vida religiosa: No ano de 2006, na cidade de Itatiaia, município do Estado do Rio de Janeiro, cidade esta que se encontra na diocese de Barra do Piraí - Volta Redonda, fazíamos pastoral duas vezes na semana coma as crianças que habitavam neste município em uma comunidade sem-terra. No início me deparei com uma turma de meninos e meninas totalmente indisciplinados, nervosos e rebeldes. Reproduziam os discursos inflamados de seus pais, as revoltas para com a sociedade e um profundo sentimento de marginalização, de esquecimento e de exclusão.

No decorrer do ano, em muitos momentos me senti desmotivado, sem esperanças para mudar aquela realidade, porém fui percebendo que a mudança deveria iniciar em mim, em meu jeito de ser, de pensar e de agir. A partir disso, senti mais prazer em dar catequese, pude notar mudança naquelas crianças, e o que antes era escuridão agora se tornara luz. Isto esta claro, como o professor do filme teve de acreditar em si para seguir em frente eu também tive que acreditar em mim para caminhar com minha fé e esperança.

Obtive bons resultados. Sei que faz quase dois anos que não vou lá, porém, acredito que a mudança gerou vida e confiança para os alunos e para mim a mais valiosa experiência de vida, de superação e docência.


[1] Licenciando em Filosofia pela PUCPR



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