quinta-feira, 30 de outubro de 2008

CETICISMO E INDUÇÃO EM FRANCIS BACON


EVA, Luiz A.A. Sobre as afinidades entre a filosofia de Francis Bacon e o ceticismo. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/kr/v47n113/31142.pdf>. Acesso em: 18 de outubro de 2008. [1]

Charles Fernando Gomes[2]

No presente artigo, o autor tem como objetivo principal, apresentar o papel que o ceticismo desempenhou na reflexão filosófica de Francis Bacon (1561-1526) de uma forma mais relevante do que se tem usualmente reconhecido. Afirma Eva, que Bacon desejou não só a posse do novo método de investigação da natureza que ele anunciou mais também a plena efetivação do projeto de estabelecer uma ciência acerca das formas das próprias coisas.

Uma similaridade, ainda que restrita, entre o olhar cético diante do panorama dos saberes humanos, tal como situado no momento inicial de sua investigação. Argumenta o autor do artigo, dando ênfase aos ídolos do saber (teoria que nasceu, segundo seu estudo, da proximidade e formalização da crítica do conhecimento dos céticos), que Bacon compreendeu como vicissitudes difíceis de serem desenraizadas, devido, a dificuldade de purificar o entendimento humano.

Quais são as fontes céticas de que efetivamente se serviu Bacon? Como ele as interpretou? Apesar de não aprofundar nestas questões, Eva mencionado o aforismo 67 do Novum Organum (publicado em 1620) no qual Bacon afirma: Esse procedimento é certamente mais honesto do que aquele dos pronunciamentos arbitrários, posto que tais filósofos declarem, em sua defesa, não obstam de modo algum a investigação, como fizeram Pirro e os Céticos (Ephetici), mas sustentam como dignas de aprovação (probabile) as opiniões que adotam, sem, contudo aceitá-las como verdadeiras.

O doutor em filosofia acrescenta os filósofos Sócrates, Cícero e Montaigne como possíveis literaturas que despertaram o espírito crítico de Bacon para a apreciação e observância da fraqueza dos métodos filosóficos. Em suma, é possível que Bacon tenha constituído um elo importante na própria constituição da noção de um ceticismo mitigado, bem como na construção moderna da imagem historicamente discutível do ceticismo pirrônico como uma filosofia cuja radicalidade dubitativa a oporia inapelavelmente aos ideais modernos de investigação da natureza.

Por fim, Eva argumenta sobre o desconhecimento da filosofia de Bacon na modernidade, pois, a posteridade se voltou mais para a dúvida metódica cartesiana quando buscaram uma versão moderna do ceticismo na investigação dos ecos mais adequadamente presentes na doutrina dos ídolos, que, mesmo sem ser cética, seria, aos olhos de seu proponente, portadora de um interesse autônomo e de uma potencialidade para a atualidade filosófica nos problemas que oferece, para além de sua própria tentativa de solucioná-los. Ao menos, a filosofia baconiana se oferece, em vista desses elementos, como um capítulo à parte, importante e ainda insuficientemente pesquisado, da transmissão e da transformação do legado crítico do ceticismo antigo na modernidade.


[1] Doutor em Filosofia, professor da Universidade Federal do Paraná e pesquisador do CNPq. Artigo recebido em ago./05 e aprovado em jan./06.

[2] Licenciando em Filosofia pela PUCPR।


Silva, Fernando Marinheiro. Sobre a Indução em Francis Bacon. Disponível em:<http://www.urutagua.uem.br/014/14silva_fernando.htm. pdf>. Acesso em: 18 de outubro de 2008. [1]

Charles Fernando Gomes[2]

Neste presente artigo, Silva estabelece desde a introdução, o contraste do método indutivo e da indução na concepção baconiana. Francis Bacon (1561-1526) em sua obra magna, Novum Organum (publicada em 1620) considerava irrelevante o método da indução, isto é, o método científico por enumeração simples que predominava no sistema de Aristóteles e nos aristotélicos escolásticos do período medieval (o autor considera a crítica de Bacon mais acentuada nos aristotélicos do que no próprio Aristóteles) e enaltece o método indutivo, ou seja, da eliminação, da exclusão, da rejeição das naturezas singulares, fazendo este percurso que seria um novo método de indução.

No segundo capítulo, sobre a teoria dos ídolos, observamos o desenvolvimento do artigo pautado no que Bacon justificou como fundamental para o desenvolvimento do método científico, isto é, seu novo método de indução e as inferências, estas que seriam mais seguras e sólidas do que naquele método de enumeração simples (aristotélico). Os ídolos baconianos, são uma breve exposição que se faz necessária para clareza do objeto que será tratado, pois o propósito da teoria dos ídolos é livrar as mentes dos homens de preconceitos, noções falsas e de todos os obstáculos ao progresso das ciências, para que possa ser realizada a sua instauração, e, desse modo, ser implantada a indução verdadeira para a interpretação da natureza.

Por fim, no terceiro capítulo, que é o arremate do estudo do autor do artigo, destaca-se o argumento preciso do novo método da ciência (indutivo) estabelecido por Bacon que possuíra como um dos fatores mais importantes um meio de ordenação e de classificação da realidade natural. O que representa um fio capaz de guiar o homem dentro da caótica selva e do complicado labirinto que é a natureza. E termina enfatizando a diferença da indução de Bacon para a de Aristóteles, sendo que a segunda apenas ordena o já conhecido, enquanto a baconiana amplia o conhecimento, fazendo progredir, desse modo, o saber. Percebe-se, daí, que a grande inovação introduzida no método de Bacon é o caráter eliminativo que a indução passa a ter, em outras palavras, como termina o artigo a eliminação de possibilidades concorrentes.


[1] Fernando Marinheiro da Silva é licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá—UEM.

[2] Licenciando em Filosofia pela PUCPR.


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