segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vinte e sete

A primeira coisa que desejei fazer quando chegou este dia ( sete de outubro) foi escrever. Escrever quem sabe para mim mesmo ou talvez para aqueles que possivelmente possam em um ato heroico responder ou comentar meu texto. Ato heroico porque revela a capacidade de sentir e cuidar, isto mesmo, digo cuidar de um texto e de cada palavra que foi gerada nele como uma màe carrega com amor seu filho recem nascido nos braços e lhe da proteçào.


Vinte sete anos, mas o que sào vinte sete anos? Primeiro de tudo ja nào sou tào jovem assim. Este é um tempo da vida que exige um recolhimento interior, pois esta etapa faz uma ponte entre a aventureira juventude que tem como meta as coisas impossiveis e a maturidade que vem um pouca mais lenta, nào é mais tào aventureira e se contenta com a simplicidade das coisas possiveis da vida, como diz um ditado da Grecia antiga (originario do templo de Delfos) nao deseje o impossivel e faça tudo de acordo com seus limites, acredito que os grandes filosofos (como Socrates e Platào 600 ac) nào so aprenderam, mas tambem ensinaram bem esta liçào.


Liçào? Sim, tempo de recolher os frutos maduros que cairam da arvore e saber que sempre é tempo de plantar novos. Esta metafora me recorda a morfologia da amizade que se assemelha ao ato de colher os frutos e deve ser um oficio cotidiano. Os frutos recolhidos e o cuidado ofertado no passado que nào se pode deixar esquecido no futuro e necessita do amor de seu plantador. Talvez, esta seja a tarefa mais ardua e mais nobre, pois exige fidelidade e dedicaçào. Quando Santo Agostinho falava da amizade ele primeiramente vivenciava este milagre divino. Agora me pergunto: como pessoas humanas como nos podem adiantar no presente aquilo que se sente e somente se encontraria na eternidade? Agostinho era um bom discipulo do tempo e refletia sobre a amizade e em uma de suas sinteses afirmava que estas relevancias nào se compreendem, mas se vivem e espiritualmente podemos crer pois é dom de Deus. Deus que e silencio e misterio!


Tempo? Vinte e sete pode ser um numero de belas reflexoes e analises numerologicas e simbolicas. Mas sempre me dirijo a refletir sobre o tempo e o ser que em um contexto historico se encontra nele. A espiritualidade e a mistica que circunda podem ser de tamanho valor. Mas o tempo, este fator imcompreenssivel, mas medico de nossas vidas, que nos envelhece e rejovenesce ao mesmo tempo, mas nos faz orar e transcender para alem do universo e entender que existem perguntas que nào devem ser respondidas ou feridas que nào vào ser cicatrizadas agora. O senhor do céu e da terra, o kronos e kairos do homem e por fim o alfa e o omega dos elementos naturais possui seus encantos e mesmo que sejam temporais podem ser eternizados no coraçao. 

Oração ao Deus desconhecido

“Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravados em fogo estas palavras: ”Ao Deus desconhecido”.
Sei, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrilégios.
Sei, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-Lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir só a Ti. “

Friedrich Nietzsche