quinta-feira, 25 de setembro de 2008

SEMINÁRIO DE EPISTEMOLOGIA




EPISTEMOLOGIA

Or: Mr Jelson


Charles Fernando Gomes[1]


Epistemologia: (do grego episteme, “conhecimento”, e logos, “explicação”), o estudo da natureza do conhecimento e da justificação; especificamente, o estudo das características da definição, das condições essenciais das fontes, e dos limites do conhecimento e da sua justificação.



Descartes (1596 – 1650)

Livro l do Discurso do Método

Aspectos gerais

Ø O bom senso = razão

Ø A razão é igual em todos os homens:

· Pelo testemunho universal (ausência do desejo).

· A “confusão” entre a Razão e o Espírito explica a desigualdade aparente entre os homens.

1º Momento

Ø O bom senso... igual em todos os homens.

Ø Razão: O que é de fato o “bom senso”?

· “É a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm”.

· “... o poder de bem julgar o verdadeiro do falso”.

2º Momento

Ø Relação: Método = VERDADE

· Se a RAZÃO é igual e proporcional a todos os homens por que a verdade é um problema?

· Nem a genialidade e nem o talento fazem o filósofo, mas sim o MÉTODO que é a chave do saber.

3º Momento

Ø Condição essencial do filósofo (cientista) = RAZÃO

Ø Condições acidentais: (qualidades e limitações do espírito)

· “... quero crer que existe inteiramente em cada um (bom senso), e seguir nisso a opinião comum dos filósofos, que dizem não haver mais nem menos senão entre os acidentes, e não entre as formas ou naturezas dos indivíduos de uma mesma espécie.

· A condição de possibilidade e de realidade de todo saber é a razão, que caracteriza a condição humana.


As diferenças do Espírito podem ser exemplificadas por três operações distintas: o pensamento, a imaginação e a memória. Cada qual age de modo efetivo em sua peculiaridade. O pensamento é um instrumento de prontidão para as operações do espírito. A imaginação caracteriza-se pela maneira de associações e as múltiplas imagens de nosso intelecto. E a memória é uma espécie de “banco de dados” que pode ter uma amplitude de ordem qualitativa e quantitativa incomensuráveis.


No entanto, a diversidade de nossas opiniões não provém do fato de serem uns mais racionais que outros, mas simplesmente pelo fato de que cada indivíduo conduz seu pensamento por vias diversas e não considera as mesmas coisas



Francis Bacon (1562-1626)



Todo nosso conhecimento tem uma inserção histórica, ciência é poder, poder este do homem extrair da natureza elementos para sua existência. Bacon dá um destino prático à filosofia (a ciência).


  • Método indutivo utilizado para fazer antecipações da natureza.
  • Preconiza a separação entre teologia e ciência.
  • Via a ciência como esforço cooperativo, um progresso comum de todos.
  • Precursor da crítica sobre a limitação dos recursos naturais (finitos)
  • A ciência é democrática e desperta a emulação (vontade de disputar) saudável, assim ela é para todos.


Magia-----similitude-----simpatia


Esforço cooperativo---progresso---modificar situação


Bacon preconiza um encontro entre a mente do homem e da natureza das coisas

Bacon inicia uma filosofia de obras no lugar das palavras

Precursor da ciência do conhecimento e da sociologia do conhecimento

Bacon quer transformar e não contemplar o mundo criticará a filosofia escolástica que resolvem tudo e respondem a todas as perguntas.



Principais idéias de bacon.

O homem como intérprete e servo da natureza, isto é, só pode fazer e compreender enquanto ele tenha observado de fato ou no pensamento sobre o curso da natureza. O saber e o compreender da natureza, um utilitarismo responsável. Conhecer é poder, você conhece e pode produzir efeito, o experimentalismo positivo.


Ídolos:


Tribo - A espécie humana, seu entendimento é como um espelho falso que distorce a natureza, misturando seus próprios preconceitos às coisas.


Caverna - A cada homem, sua mente é como uma caverna habitada pelo modo como o indivíduo foi educado, suas leituras e influências, as impressões que perturbam o conhecimento e impede que ele vá buscar conhecimento no mundo comum a todos.


Mercado - Pelo contato social, palavras e conceitos do vulgo obstruem o conhecimento, produzem fantasias vãs e discussões vazias.


Teatro - Da má influência dos dogmas filosóficos e de falsas demonstrações, que representam sistemas de pensamentos equivocados, perpetuados pela tradição, credulidade e negligência.



Método indutivo


Buscar as causas dos fenômenos (leveza, rotação, resistência, semelhança, organização, catalogação), isto propõe regras á atividade humana e assegura o progresso (analisar e investigar a natureza pelo método de rejeição e exclusão).



Referências Bibliográficas:

Abbagnano, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfred Bosi. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Bacon, Francis. Nova Atlântida. Trad. José Aluysio Reis de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979 A.

_____. Novum Organum. Trad. José Aluysio de Andrade. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979 B.

Faria, Ernesto. Dicionário Escolar Latino-Português. 2. Ed. Rio de Janeiro: MEC/Dne, 1956

Rossi, Paolo. Bacon E Galileu: Os Ventos, As Marés, As Hipóteses da Astronomia. Trad. Álvaro Lorencini São Paulo: Unesp, 1992.

Rossi, Paolo. Os Filósofos E As Máquinas: 1400-1700. Trad. Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.




David Hume (1711-1776)



Como um cético pode estar dentro da teoria do conhecimento se ele duvida de tudo, até do conhecimento?


Hume é um filósofo cético, investigador e empirista, que deseja validar e desenvolver o conhecimento, este que esta em construção e aberto a novas experiências. Ele utiliza as sensações e percepções, porém tudo que conhecemos, segundo Hume são impressões de idéias.



Impressões:


  • Internas-percepção de um estado interno

  • Externas-sentidos (audição, visão...).

Idéias resultam das impressões e podem ser modificadas por elas, que são: imaginação, memória, sensação (sentidos), recordações e associações.



  • Associações: conexão entre idéias:

    1. Semelhança- “uma pintura conduz nossos pensamentos ao original”

    1. Contigüidade (de tempo e espaço)- “um aposento numa casa gera a pergunta sobre seus moradores”.

    1. Causalidade (causa e efeito)- “pensar no ferimento, a idéia da dor que o acompanha”.

A razão deve inspecionar as idéias!


Para Hume, as demonstrações lógicas das relações matemáticas não precisam da experiência. Como o triângulo, não precisa de um conhecimento analítico e sensível para demonstrá-lo.


A causalidade vem de uma associação das idéias, isto é, para hume não se constata o princípio da causalidade (de onde vêm?), para hume não se encaixa esta pergunta.


Não há idéia de transcendente e transcendental em Hume. O pensamento combina; associa as impressões das idéias da mente.

Razão humana:


  • Relação de idéias ----- deduções lógicas, cálculos matemáticos;
  • Questão de fato: não implica contradição (relaciona-se com a realidade) conexão de causa e efeito: pela experiência e não a priori (Kant)


Anti-kantiano:


O raciocínio pela razão não dá certeza, por isso não há princípios de causalidade, mas associação de idéias.


A filosofia pós-metafísica conecta os saberes. Podemos obter alguns princípios das causas dos objetos, mas, não o princípio de todos. O intelecto não pode encontrar nunca o efeito na suposta causa (ligação entre causa e efeito não é a priori).


O fundamento das experiências são elas próprias e não há causa primeira. Em Hume não há previsão do futuro, mas, ligação pela experiência passada (o futuro esta ligado a uma associação da experiência passada).


Nossos sonhos, alucinações e imaginações são experiências somadas a representações e criações da experiência (notícias prévias das operações).


O conhecimento não é pelo raciocínio e pelo intelecto, mas, pela experiência adquirida (costume ou hábito).


  • Experiências passadas: cadeia de fatos que leva à investigação. A memória ou os sentidos que nos permitem recordar e associar os fatos.

  • Experiência — passada = acontecimentos
  • Memória --- sentida = inferências (causa semelhante)
  • Hábito ---- costume = crença (fogo-calor)
  • Instinto natural = examinar

(contém dúvidas e incertezas)


O hábito nos faz humanos, é útil e necessário. Faz parte da vida prática, é o guia a priori.


David Hume irá influenciar a teoria psicanalítica do século XIX e XX, em outras palavras, psicanalistas como Freud, Jung até Winicott utilizarão o método da associação para reconhecer possíveis neuroses e psicoses de seus pacientes, buscando elementos, representações e símbolos do sujeito para resgatar do passado (recordações, vivências) elementos para explicar suas patologias.



Referência Bibliográfica:

HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano. Trad. José Aluysio reis de Andrade. 2. ed. São Paulo: abril cultural, 1979 a.

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[1] Licenciando em Filosofia pela PUCPR

sábado, 20 de setembro de 2008

LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento. Trad. Anoar Aiex; E. Jacir Monteiro. 2ª. Ed. São Paulo: abril cultural, 1978.


Antônio Macêdo

Charles Fernando (orgs)


Do pensamento de John Locke, empirista inglês do século XVII, destaca-se, entre outras, quatro marcantes características sobre a concepção de conhecimento e que também revelam sua importância para a teoria do conhecimento.


1. Para Locke o conhecimento não é inato, porque se há na mente impressões naturais não é possível que ela os desconheça.Para exemplificar sua tese ele afirma que as se crianças e os idiotas possuem mentes dotadas dessas impressões deve, inevitavelmente, ter ciência e emitir juízos sobre elas. Se assim não fazem prova-se que não estão na mente impressões naturais (cf. 1978, p. 146).


2. De acordo com o filósofo empirista todas as idéias são advindas somente de duas vias: a sensação e a reflexão.A primeira fonte é caracterizada pela retirada das idéias dos objetos sensíveis e particulares através dos sentidos (idéias simples). A mente é como um papel em branco que será preenchido pela experiência. Todo o conhecimento vem dela. Assim, da sensação é que são recebidas as idéias de brancura, negrura, etc.A outra nascente são as percepções das operações da mente, que se ocupa de idéias que já lhe pertencem. Quando a alma começa a refletir e a considerar suprem o entendimento com outra cadeia de idéias como o pensamento, o crer, o duvidar, etc. Estas não são obtidas das coisas externas, mas já estão no homem, fazem parte de sua capacidade natural. A reflexão se refere a: “idéias que se dão ao luxo de serem tais apenas quando a mente reflete acerca de suas próprias operações” (cf. LOCKE, 1978, p. 160), ou seja, ela recebe as idéias simples e as articulam com as complexas, gerando, assim, o conhecimento.


3. John Locke enfatiza, também, o ato de prestar bem atenção aos objetos. Pois, o homem tem menos ou mais idéias simples na medida em que as coisas, com as quais entra em contato, oferecem maior ou menor variedade. Quanto mais o homem reflete sobre as operações internas de sua mente, mais estarão supridos delas, ou seja, de idéias complexas.O homem deve prestar o máximo de atenção a todos os pormenores dos objetos que pode observar. Por mais que uma coisa esteja posta diante dele todos os dias se, atentamente, não se aplicar a estudá-las terá acerca das partes que a constitui, terá apenas idéias confusas (cf. 1978, p.161).


4. De acordo com o autor inglês, o pensamento não é para a alma uma essência, e por isso inseparável dela. Tal afirmação não pode ser tida como verdadeira, por não ser assegurada pela experiência. Quando se diz: “duvido de ter pensado durante toda a noite passada” não se pode tentar provar a veracidade dessa hipótese colocando como premissa aquilo que se quer comprovar, pois isso caracteriza uma petição de princípio.


Para que não haja equívocos naquilo que se pretende demonstrar como verídico precisa-se construir as premissas empiricamente. E não concluirmos um fato por causa de uma hipótese, se for assim temos o resultado seguinte: “devo ter pensado durante a noite passada porque alguém supõe que sempre penso embora nem sempre eu o perceba”. Essas palavras em itálico podem ter, forçosamente, um valor psicanalítico, pois desde já tratam de revelar um discurso acerca do inconsciente.Pensar é sempre consciente, assim quando o corpo dorme é impossível que a alma pense, tenha alegria, tristeza, etc. Se a consciência for excluída de nossas ações ou sensações, especialmente as de prazer e sofrimento, será difícil, para Locke, caracterizar uma identidade pessoal.Por fim, Locke talvez tenha sido o primeiro a mostrar que um acordo universal não prova o inatismo. Fez isso quando refutou o princípio de não contradição, pois nem todas as pessoas sabem o enunciado deste, ou seja, não o conhecem.

Vídeo avaliativo da apresentação do Jovem e o Cuidado-de-si

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Relatório do Grupo Devir Referente à apresentação do Vídeo Jovem E O Cuidado de si: Um Olhar Filosófico.


Antonio M. dos Santos

Charles F. Gomes

Edimar Moreira

Tiago Santos Vale


Apresentamos o vídeo de filosofia que produzimos, intitulado Jovem e o cuidado de si: um olhar filosófico, no dia 30 de agosto de 2008. A platéia foi o grupo de Jovens Carmelita Vencedores em Cristo, da Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, Boqueirão, Curitiba, Paraná. A idade deles varia entre os 16 e os 25 anos, a maioria de ensino médio.


Para a avaliação do vídeo, a Devir Produções Filosóficas, responsável pelo material, distribuiu fichas com os seguintes quesitos avaliativos: a) Tema; b) Clareza; c) Objetividade. Para cada um desses quesitos havia as seguintes possibilidades de qualificar o material: a) excelente; b) ótimo; c) bom; d) regular; e) deixou a desejar.


Após termos apresentado e recolhido as fichas avaliativas fizemos uma média e concluímos que a segunda unidade, Felicidade: uma questão de escolha, baseada no pensamento do filósofo A. Schopenhauer, foi a melhor conceituada, tida como excelente 28 vezes na soma os quesitos. A unidade terceira, A cura do medo da morte em Avicena, ficara como a segunda colocação e a unidade primeira, Sócrates: conhecer e cuidar com a terceira.


Destacamos, também, que, na folha avaliativa, colocamos um espaço em branco para aqueles que assistiram ao filme pudessem escrever que pontos da obra poderiam ser melhorados, bem como para saber o que eles compreenderam do conteúdo. A seguir temos a opinião de uma das moças que assistiram o curta metragem: “No geral o trabalho está muito bom. As imagens produzidas ficaram ótimas, pois apresentaram, além dos entrevistados, figuras e objetos que contribuíram com a linguagem e o conteúdo apresentado pelos professores (livros, quadros, objetos etc.). Os temas trabalhados são de grande importância, principalmente por estarem voltados aos jovens que cursam o ensino médio; nessa idade há diversas dúvidas em relação a si e aos outros, essas dúvidas englobam entre outras coisas a morte e a felicidade. As músicas utilizadas casaram com o tema, bem como a imagens completaram a linguagem. Espero que o trabalho renda bons frutos”.


Se por um lado temos essa crítica que ressalta a boa disposição dos quadros (as novelinhas) e os clipes temos uma outra, realizada por uma segunda componente daquele grupo de jovens, desta vez as observações são mais voltadas para a parte técnica que, por mais que tenhamos tentado aprimorar, deixara ainda a desejar. Ela cobra: mais clareza nalgumas falas, imagens e cenas de fundo e as imagens de fundo; cuidar com o áudio, com as transições de cenas; procurar detalhar ainda mais o conteúdo para a qualidade, pois isso daria ao trabalho um toque especial e despertaria mais a curiosidade dos alunos. Depois ela parabeniza o trabalho que (apesar de tudo!) ficara bem feito, mas pode melhorar.


Convém comunicarmos que o caderno de atividades foi apresentado na medida em que o filme ia sendo executado. Os quesitos de avaliação eram: a) Design; b) clareza e c) objetividade. Após lermos as folhas de avaliação percebemos que em geral ele foi tido como excelente.


Por fim, foi uma experiência bastante interessante (e cansativa), porque em certa medida experimentamos ser professores e também expomos algo que nós mesmos produzimos para ser visto e criticado, ora positiva, ora negativamente. Ficamos contentes com o resultado final, mesmo porque fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para o oferecermos o melhor.

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Relatório Individual



Charles Fernando Gomes[1]


Admito ter me felicitado com a receptividade, maturidade, atenção e respeito dos jovens frente a temas tão atuais e polêmicos (a morte, à vontade e o cuidado de si) que tratamos com eles na apresentação expositiva do vídeo Jovem e o cuidado de si.


Um olhar filosófico sobre esses temas que fazem parte do dia-a-dia deles, no qual nos foi permito adentrar neste mundo jovem e partilhar com eles não apenas os assuntos abordados, mas também os pensamentos de filósofos (Sócrates, Arthur Schopenhauer e Avicena) que desde a Antiguidade até o século XXI já debatiam e discutem essas problemáticas que norteiam a vida do homem, em especial do jovem.


Obtivemos uma boa contribuição dos jovens com suas intervenções, avaliações e perguntas bem pertinentes. Destaco uns jovens que em suas avaliações nos parabenizaram pelo trabalho e contribuíram com algumas críticas construtivas para o melhor desempenho e qualidade do trabalho áudio-visual.


Por fim, avalio como um bom primeiro passo para nossa prática profissional inicial. Acredito que já caminhamos um bom percurso para chegar até aonde chegamos, porém na certeza de que ainda temos muito a caminhar, mas com os primeiros acertos, erros, correções e incentivos já depositados em nosso ofício como filósofos inovadores na forma de transmitir a filosofia, isto é, pela televisão.


Fomos audaciosos!



[1] Graduando em Filosofia pela PUCPR 2008

domingo, 7 de setembro de 2008

A Teosfera na Primavera.

A Teosfera na Primavera.


É preciso tirar as sandálias, colocar os pés sobre a areia e contemplar o horizonte que resplandesce do mar, aliás, o que nossos olhos vêem não é somente o mar, mas as vozes que ecoam do mar, da natureza que é sagrada e fala com o som divino de Deus. Não nos aquecemos somente com as luzes sol, mas com a irradiação que é espalhada do sol e se transforma em luz e assim produz vida, dádiva, calor e graça.


Deus se pronuncia através de sua criação e tudo que ele profere produz vida, produz nascimento. Eis a palavra que se pronuncia e emerge do mais profundo de nossos corações, pois, estamos no coração da divindade, em outras palavras, habitamos em seu peito. O absoluto sonha conosco e faz deste sonho uma canção, um poema, uma criação e é nesta inspiração de sua infinita amorosidade por nós que ele criou os planetas, as galáxias, as montanhas, as colinas e todos os elementos e seres que aqui vivem e povoam.


Derrama sobre a Terra sua benção de amor, tal como uma avalanche que carrega a todos e produz alegria, paz, divindade e neste paraíso que ele transforma a Terra Ele vem, nos visita, nos leva com ele e depois devolve para nossa casa que é dele. É um convite dos anjos que em coro anunciam sua presença, esta que só é captada com total reverência, respeito, silêncio e uma mística da amada que recebe seu amado e se deleita com sua presença pedindo que jamais se ausente, que não se vá.


É preciso nos habituarmos com sua presença, nos acostumarmos com sua presença mesmo em nossas ausências pelo dia-a-dia corriqueiro, pelas nossas canseiras, pela nossa velhiçe que a cada instante pousa em nós pedindo que não nos prendamos a face, ao corpo e sim ao espírito infantil que esta em nós, na criança que pegamos no colo e reconhecemos espantados que é Jesus. O pequeno galileu que nasce numa manjedoura e cercado de animais se faz simples para que ajoelhemo-nos diante dele e o abracemos reconhecendo seu amor.


Talvez, neste mês de setembro seja necessário replantarmos as flores de nosso jardim, regar as plantas, recolher as pétalas caídas e seguir em frente. Lembrar das rosas que prometemos ofertar para nossos achegados, visitar mais as árvores e conversar com elas, escutar com total encantamento os pássaros cantando, pisar na grama e brincar com a terra, fazer chuva de sorrisos sobre à Casa comum e nos felicitarmos de verdade com nossa família.


Acredito que se deixarmos nos contagiar com tal simplicidade de coração vamos fazer nascer um Éden em nossas vidas, vamos resgatar o coração e desfazer as desavenças passadas, vamos escrever uma canção ou um poema de nossa história e nos maravilharmos com os olhos das crianças, com o abraço de nossos velhinhos e cantarolar com os pardais, isto é, acredito que vamos e devemos urgentemente tornar lúdica nossa existência e como os pequenos que são os prediletos do Pai nos tornaremos seus filhos e filhas que sentam em seu colo, adormecem em seu peito e louvam com ele pela vida que para Deus termina com mais vida, com ressurreição.